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3.30.2012

Conjugalidade deficiente e reprodução social




Aspiro a que o meu país inaugure um novo caminho histórico. O meu país é Portugal.
Não é a Europa, nem um mundo global, nem uma região em particular nem muito menos uma qualquer agremiação política, como por exemplo o cancro deste país, que são os partidos políticos.
Julgo que o poder, e quando me refiro ao poder, refiro-me à gestão da coisa pública, deve ser exercido de forma a que todos possam ter condições para o fazer. Há mais escolhas para além deste sistema político bipartidário, com um Parlamento sobredimensionado, e esvaziado de representatividade.
O povo que decida.
Será?
Um olhar pela história nacional, não mergulhando nas especificidades de cada época mostrará que o Parlamento português actual, não é mais que a perpetuação das cortes monárquicas, desde a fundação da nacionalidade até ao pós 25 de Abril. Tem-se perpetuado o mesmo sistema de classes, a coberto de nomes como ‘meritocracia’, e ‘confiança política’.

Deixa-se morrer a noção de estrita igualdade, potencial e real, e com ela morre o cidadão e nasce o contribuinte. A soldo do ‘povo português’.
Que complexo de inferioridade civilizacional é este impregnado na mais velha nação europeia, que faz observar pelos séculos uma contínua espoliação por parte das elites da maioria da população, que se canibaliza cada vez mais a si mesma, com a desconfiança de contribuir para a felicidade alheia dos seus iguais, enquanto os grandes carteiristas a roubam até da dignidade?

Um dos mecanismos utilizados pelos políticos profissionais é a técnica da ‘relação conjugal falhada’. Os governos sucessivos, desde a invasão bruxeleante de dinheiros comunitários têm usado esta táctica que consiste em projectar uma insondável complexidade da mesma, e nela os parceiros não se suportam mas por comodidade ou por outras razões que possam ser convenientes, não se separam. Dizem sem saber e para que não se saiba, ‘É muito complicado.’ – As políticas e alternativas aparecem a essa luz também, ou seja, os governantes dizem que de outra forma é complicado, complexo, seja porque não sabem como e porquê ou porque não querem que se saiba, pois o que garante a longevidade do político profissional é a ignorância do eleitor.

Dissolver o parlamento?Proibir os partidos políticos?
É muito complicado.
Aumentar a escolaridade obrigatória e acabar com as diferenças sociais?Muito complexo.
Fora da partidocracia?Complicadissimo…
Dentro da partidocracia? Complicado…

Ou seja, todo o exercício político se apresenta como uma difícil tarefa não em razão daquilo que o cidadão sabe e tem de fazer, mas exactamente por causa do ignoto insondável, que lhe faz crer que nunca saberá uma forma de ajudar a um bom governo.
Aparece assim a conjuntura politica nacional actual, como um mecanismo de elevada complexidade, em que todos estão mal, menos alguns, mas que qualquer alteração ou divórcio são de evitar, porque há que manter o casamento, em nome da ‘serenidade política’, dos mercados, dos pactos de regime e de outras desculpas de amantes adúlteros.